Autor: Áquila Pires
Juntando-se a mais de 140 países, a Noruega, a Espanha e a Irlanda anunciaram seus planos para reconhecer, até 28 de maio, a Palestina como Estado-nação. A medida foi tomada após os países considerarem tal decisão, meses antes, como uma “contribuição positiva” acerca do fim da guerra em Gaza, tendo o primeiro-ministro espanhol afirmado que o reconhecimento do Estado palestino seria o “único caminho para a paz”. Israel acusa os países de incitar o “genocídio judeu”.
Histórico
Em 2014, a Suécia se tornou o primeiro país a reconhecer o Estado palestino estando na União Europeia. Anteriormente, 6 dos 27 Estados do bloco reconheciam a Palestina como Estado-nação, tendo o feito antes de entrar: Malta, Chipre, Hungria, Romênia, Eslováquia e Polônia, sendo 5 desses países parte do antigo bloco do centro-leste europeu alinhado com a União Soviética.
Os países do “bloco ocidental”, em sua maioria, não reconheciam ou reconhecem a Palestina como país, sendo a Polônia e a Suécia os únicos países alinhados ao “Oeste” que o faziam.
Ponto de virada ou aquecimento das relações
A pressão diplomática em Israel é o fator principal da decisão desses países. A busca por paz em Gaza direcionou políticas internas e externas de países, de menor e maior expressão, na direção do povo palestino, mas a maior parte das potências ocidentais ainda não reconhece o Estado Palestino.
Nenhum dos membros do G7 reconhece o Estado da Palestina, embora apoiem alguma forma da solução por dois Estados. A Alemanha, por exemplo, teve sua primeira-ministra, Angela Merkel, afirmando em 2011 que apenas reconheceria a Palestina se Israel o fizesse, estabelecendo o corte das relações diplomáticas com o governo palestino. Os Estados Unidos continuam vetando, no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, qualquer movimento na direção de reconhecimento geral do Estado Palestino.
A decisão tomada pelos 3 países no mês passado e pela Eslováquia em 4 de junho pode ser o começo de um ponto de virada no que tange à política externa favorável ao governo palestino por parte de países ocidentais, mas o posicionamento de Israel e de seus aliados pode piorar as relações diplomáticas já existentes entre os países que não reconhecem o Estado palestino, haja vista o teor agressivo das respostas de Tel-Aviv à decisão.
Reação israelense
Israel Katz, ministro israelense, afirmou que a Espanha estaria sendo “cúmplice no genocídio judeu e em crimes de guerra” contra o povo israelense.
Tel-Aviv retirou seus embaixadores dos países que reconheceram recentemente o Estado da Palestina, o que é uma medida tradicionalmente feita por Israel em casos como esse, já que rejeita todo movimento que vise o reconhecimento internacional da Palestina por defender que tais medidas reforçam o comportamento atual de grupos como o Hamas, argumentando que a situação em Gaza deve ser resolvida através de negociações.
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