Esta semana nossos atletas se despediram da cidade de luz, trazendo de volta um total de 20 medalhas, diversos recordes e muitas histórias. Vamos relembrar algumas delas, quebrando o paradigma midiático trazido pelo atleta e medalhista da marcha atlética, Caio Bonfim.

Com 206 delegações de diferentes países, os brasileiros estrearam no campeonato antes mesmo da Cerimônia de Abertura, que ocorreu no dia 26 de julho no Rio Sena e percorreu toda a cidade de Paris.

Crédito: Alexandre Loureiro/COB

Vale ressaltar que a delegação brasileira teve seu próprio barco durante a cerimônia de abertura com os porta bandeiras Isaquias Queiroz da Canoagem de Velocidade, o qual antes do ciclo olímpico de Paris já havia 4 medalhas, e Raquel Kochhann do Rugby 7, um dos maiores nomes de seu esporte a nível internacional e que vem de uma recuperação de câncer de mama.

Conheça um pouco mais a fundo a história de Raquel aqui.

Com vagas em 39 modalidades, sendo elas: águas abertas, atletismo, badminton, basquete (masculino), boxe, canoagem slalom, canoagem velocidade, ciclismo BMX Racing, ciclismo BMX Freestyle, ciclismo estrada, ciclismo mountain bike, esgrima, futebol (feminino), ginástica artística, ginástica rítmica, ginástica trampolim, handebol (feminino), hipismo adestramento, hipismo CCE, hipismo saltos, judô, levantamento de pesos, natação, pentatlo moderno, remo, rúgbi (feminino), saltos ornamentais, skate, surfe, taekwondo, tênis, tênis de mesa, tiro com arco, tiro esportivo, triatlo, vela, vôlei, vôlei de praia e wrestling.

O Comitê Olímpico Brasileiro enviou 277 atletas nessa edição, sendo 55% delas do gênero feminino. E essa expressão feminina fez história no ciclo olímpico, sendo a primeira edição que o país envia mais atletas mulheres, elas representaram 60% dos nossos pódios.

Entre elas, Rebeca Andrade que fez história ao somar 4 medalhas (um ouro no solo, duas pratas no individual geral e salto, e um bronze no geral por equipe), assim se tornou a maior medalhista da história brasileira.

Crédito: Gabriel Bouys / AFP / CP

Mas ela não foi a única que fez história dentro da ginástica, sua companheira Jade Barbosa se tornou a ginasta com mais tempo de experiência a ganhar uma medalha na modalidade, sem falar que foi ela que confeccionou os uniformes utilizados pela equipe. Além dela, também tivemos nossa primeira participação na ginástica de trampolim com Camilla Lopes, que apesar de não subir ao pódio olímpico foi a primeira brasileira a ganhar uma etapa de Copa do mundo da modalidade.

Outra amazona nessas olimpíadas foi Ana Sátila. A mineira que participou de 15 provas de caiaque slalom, em três modalidades diferentes (KX-1, C-1, K-1), no intervalo de 10 dias virou meme na internet por sua maratona olímpica. Apesar rotina exaustiva, ela chegou muito perto de medalhar, tendo terminado o KX-1 em 4º, o C-1 em 5º, e o K-1 em 4º.

Certamente essa edição foi marcada por muitas superações, Valdileia Martins do salto em altura equiparou-se o recorde brasileiro de 1989 e conseguiu se classificar para a final da prova. Infelizmente, por conta de uma entorse no tornozelo e o recente luto por seu pai que faleceu enquanto a atleta estava em Paris, a mesma não conseguiu competir pela medalha. Mas é vitoriosa por tudo que passou, tendo 35 anos era vista ultrapassada para o esporte de alto rendimento, porém, graças ao professor aposentado da UNESP, Dino Cintra, manteve uma rotina de treinos que não só a mantiveram no alto rendimento como também a fez chegar em uma final olímpica.

Crédito: Time Brasil / X

Em modalidade até então pouco conhecida pelo público brasileiro, Gustavo Bala Loka repercutiu com imagens radicais da final olímpica. Ainda em 2023 já havia conquistado o bronze nos Jogos Pan-americanos, e fez história em Paris. Competindo no Ciclismo BMX Freestyle virou referência brasileira ao ocupar a sexta posição do ranking internacional.

“O objetivo era estar aqui, mas a próxima meta [para os próximos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028], será a de ganhar uma medalha”, disse o atleta brasileiro após o resultado da competição.

Medina também viralizou com imagem de sua competição. E, apesar de ter terminado sua participação com o bronze, a colocação veio devido a sua má sorte na semifinal, já que o mar ficou calmo no meio da prova e não possibilitou que o surfista conseguisse somar uma segunda nota para avançar a final. Digo má sorte, pois o mesmo vinha fazendo um campeonato surreal, abrindo 10 pontos de diferença contra seus adversários no início da competição, sem falar de sua 9.9/10 após um tubo monstruoso – tornando-se a maior nota da história do campeonato.

Na mesma modalidade também tivemos Tatiana Weston-Webb que garantiu a prata, melhorando o desempenho feminino brasileiro na competição.

Crédito: Brouillet / AFP

Passando para o tênis de mesa também observamos histórias inspiradoras. Hugo Calderano, que encerrou sua participação no 4º lugar bateu recorde nacional (seu próprio) ao chegar às semifinais do tênis de mesa individual. Atualmente ele é o terceiro colocado no ranking internacional, sendo o único não asiático nem europeu a alcançar tal feito.

A medalhista paralímpica Bruna Alexandre deu o que falar nessa edição. Sendo a primeira atleta paralímpica a competir as olimpíadas em nome da delegação brasileira, Bruna abre as portas do esporte brasileiro para a luta anticapacitista, e apesar de ter encerado sua participação no tênis de mesa em equipe feminina após jogo contra as sul coreanas, ela e suas irmãs, Bruna e Giulia Takahashi, perderam apenas para a terceira melhor dupla do mundo.

E claro, eu poderia dobrar esse texto com mais e mais casos, como o da Beatriz Souza e Rafa Silva do judô, das mulheres incríveis do vôlei de quadra e praia, das jovens da ginástica rítmica (e só não vou colocar o futebol nessa lista, porque esse pra elas tem até matéria própria). Mas, assim como as olimpíadas acabaram há alguns dias, também irei de encerrar essa matéria.

Espero que tenham acompanhado as olimpíadas como eu, torcendo por cada atleta e comemorando cada colocação alcançada, agora é esperar o ciclo de Los Angeles 2028 enquanto assistimos as Paraolimpíadas de 28/08 a 08/09.

REFERÊNCIAS

https://olympics.com/ioc/faq/competing-and-being-part-of-the-games/how-many-athletes-and-countries-take-part-in-the-olympic-games

https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202407/quase-90-dos-atletas-brasileiros-que-irao-aos-jogos-olimpicos-de-paris-2024-fazem-parte-do-bolsa-atleta#:~:text=O%20Comit%C3%AA%20Ol%C3%ADmpico%20Brasileiro%20(COB,277%20atletas%20de%2039%20modalidades.

 https://jornal.unesp.br/2024/08/08/professor-aposentado-da-unesp-treina-atleta-que-chegou-a-final-no-salto-em-altura-nos-jogos-de-paris/


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