Autor: Laura Guirro

O tema da insegurança alimentar ganhou destaque, recentemente, no Brasil, após um período em que a fome deixou de ser uma questão nacional. Segundo dados da PENSSAN (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) são 33 milhões de pessoas passando fome no país nos dias de hoje, número que representa um retrocesso ao estágio que o país se encontrava 30 anos atrás.

“Atualmente, mais da metade dos brasileiros, 125 milhões, estão em situação de insegurança alimentar – 58,7% da população, para ser mais preciso. Isso quer dizer que em seis em cada dez famílias não têm comida garantida todo dia”.

https://www.climatempo.com.br/noticia/2022/07/07/onu-61-milhoes-vivem-inseguranca-alimentar-no-brasil-6282

O que é insegurança alimentar?

De acordo com as Organizações das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), agência da Onu que possui como foco combater a fome e a pobreza melhorando a segurança alimentar e o desenvolvimento agrícola, a insegurança alimentar pode ser entendida como: “Uma pessoa está em insegurança alimentar quando não tem acesso regular a alimentos seguros e nutritivos em quantidade suficiente para o crescimento e desenvolvimento normais, bem como para uma vida ativa e saudável”.

Ainda de acordo com a FAO, isso pode ocorrer devido à indisponibilidade de alimentos, como também a falta de recursos para obter os mesmos. 

Dados da ONU como forma de desmascaramento 

Apesar de a Secretaria de Comunicação Social publicar, em uma manchete no dia 24/07/2024, resultados positivos sobre a insegurança alimentar no país, temos que nos deter a entender que tanto a Secretaria e os Ministérios Públicos tendem a minimizar e mascarar, com um discurso liberal, a verdadeira face da pauperização brasileira. 

O discurso de Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, tende a ser o reflexo dessa veracidade: “Os dados das Nações Unidas indicam que estamos no caminho certo. Em apenas um ano de governo, reduzimos a insegurança alimentar severa em 85%. Tiramos 14,7 milhões de brasileiros e brasileiras dessa condição”, assim como : “Os dados desta edição nos deixam ainda mais confiantes de que iremos retirar o Brasil do Mapa da Fome no triênio 2023 a 2025. No dado de subnutrição referente apenas a 2023, baixamos cerca de 4,2% para 2,8% em um ano. Cresceu a chance de alcançar a média trienal abaixo de 2,5%”. Sendo que, os verdadeiros números da fome são totalmente contraditórios com o discurso apresentado.

Dados da ONU apontam que dentre 17,2 milhões de brasileiros que possuíam insegurança alimentar severa em 2022, apenas 2,5 milhões ainda continuam neste estágio. Portanto, a queda foi de 8% para 1,2% da população.

Os verdadeiro números da fome no Brasil

Os dados sobre fome e insegurança alimentar no Brasil evidenciam o agravamento da situação nos últimos anos. Entre 2014 e 2016, aproximadamente 4 milhões de pessoas estavam em situação de vulnerabilidade alimentar, o que representava 1,9% da população. No entanto, números mais recentes, referentes ao período de 2020 a 2022, mostram um aumento significativo, atingindo 21,1 milhões de pessoas, ou 9,9% da população.

Além disso, cerca de 70,3 milhões de brasileiros enfrentam algum grau de insegurança alimentar, classificada como moderada ou severa, o que demonstra que uma grande parte da população não tem acesso adequado à alimentação necessária para uma vida saudável e digna. O relatório também revela que a crise da fome é um problema global. Desde 2019, mais de 122 milhões de pessoas em todo o mundo passaram a viver em situação de fome, elevando o total de pessoas em insegurança alimentar para cerca de 735 milhões.

Vale destacar que o período analisado coincide com a fase mais crítica da pandemia de Covid-19. No Brasil, houve um elevado número de casos e mortes, com cerca de 700 mil vidas perdidas. Esse cenário agravou ainda mais a vulnerabilidade alimentar no país. A pandemia também impactou significativamente a segurança alimentar, prejudicando a produção agrícola, a disponibilidade de alimentos, a renda familiar e o acesso aos mercados. As medidas de restrição e a crise econômica resultante da pandemia provocaram aumento do desemprego, queda na renda e dificuldades no acesso aos alimentos.

REFERÊNCIAS:

https://ideiasustentavel.com.br/o-que-e-inseguranca-alimentar/ 

https://www.cfn.org.br/index.php/noticias/aumento-da-fome-e-inseguranca-alimentar-no-brasil-relatorio-da-onu-revela-dados-preocupantes/


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