Autor: Gabrielly Fiuza
A utilização das novas tecnologias como a inteligência artificial generativa, as realidades virtuais e aumentadas, o machine learning e as impressões 3D transformaram processos que antes eram complexos em soluções rápidas e automatizadas, e já fazem parte do cotidiano de milhares de pessoas, seja em ambientes domésticos, profissionais ou acadêmicos. Mas qual seria o papel dessas tecnologias na saúde? Naquilo que se pode chamar de “medicina 4.0” elas serão integradas nos mais diversos procedimentos clínicos e cirúrgicos.
Em recente entrevista para o programa 60 Minutes, da CBS News, o ganhador do Prêmio Nobel de Química de 2024, Demis Hassabis, fez uma afirmação ambiciosa sobre a possibilidade da Inteligência Artificial erradicar as doenças dentro de aproximadamente uma década. Essa ousada perspectiva pode parecer uma realidade distante, mas a introdução de tecnologias avançadas na medicina já é uma realidade materializada.
Dentre as diversas soluções introduzidas estão os wearables devices, ou dispositivos vestíveis como os smartwatches, que empregam essas tecnologias para fazer registros da atividade elétrica do coração (ECG), medir pressão e glicemia, rastrear o sono e alertar quando a dose de um remédio precisa ser tomada, são aparelhos de fácil de utilização e ajudam no controle da saúde pois apresentam dados diários e em tempo real, apontando sempre que algo parece fora do normal.
Essas tecnologias também servem como ferramentas que auxiliam na decisão médica, por reunir milhares de informações de bancos de dados e compará-las de forma rápida elas geram modelos preditivos que podem agilizar na definição de diagnósticos e prognósticos e facilitar a interpretação de exames por imagem graças ao reconhecimento de padrões.
Mas não para por aí. Uma das maiores inovações acontece no campo da Neurotecnologia, tecnologias como as Interfaces cérebro-máquina (ICMs) permitem uma comunicação direta entre a mente e dispositivos eletrônicos, fazendo com que indivíduos em condições de perda motora ou paralisia adquiram autonomia e restaurem algumas funções controlando máquinas e computadores através de pensamento.
Essas ICMs podem ser utilizadas, por exemplo, em reabilitação de pós-AVC, no controle de membros robóticos ou facilitando a comunicação para pessoas que não conseguem falar, como foi o caso de Bradford Smith, acometido pela Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que, por meio do implante de um chip da empresa Neuralink, conseguiu digitar uma mensagem na rede social X utilizando apenas o pensamento.
As possibilidades de utilização dessas novas tecnologias na medicina são várias e, à medida que elas evoluem e se atualizam constantemente, suas soluções vão se tornando cada vez mais assertivas. É necessário, no entanto, considerar os limites éticos da aplicação dessas ferramentas para que se aproveite 100% dos seus benefícios e lembrar que elas não reduzem a importância de especialistas na área médica, uma vez que são sempre passíveis de erro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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