Autor: Fabio Neto
Facções criminosas brasileiras estão cada vez mais infiltradas em setores legais da economia, movimentando cifras bilionárias e desafiando a capacidade do Estado de fiscalizar e combater essas atividades ilícitas.
Segundo levantamento da Esfera Brasil divulgado pela CNN Brasil, facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) já atuam em ramos como mineração, mercado imobiliário, comércio de combustíveis e transporte público. Em 2022, o faturamento dessas organizações em setores lícitos alcançou cerca de R$146,8 bilhões — valor quase dez vezes superior ao obtido com o tráfico de cocaína no mesmo período (cerca de R$15 bilhões).
Essa recente ampliação das atividades se trata de uma forma de diversificar as fontes de receita e expandir a influência dessas organizações no mercado, que mostram uma capacidade de logística e operação cada vez maior, indo da mineração de ouro na amazônia até as empresas de tecnologia financeira em São Paulo.
Além de diversificar suas fontes de renda, a inserção em atividades legais facilita a lavagem de dinheiro e proporciona uma fachada de legalidade que dificulta o rastreamento de operações criminosas. A prática também impacta diretamente a arrecadação fiscal: estima-se que cerca de 20% desses lucros poderiam se transformar em impostos, o que representaria mais de R$30 bilhões de receitas para o Estado.
Para conter essa expansão silenciosa, especialistas defendem o fortalecimento de órgãos de inteligência financeira, como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), e a regulamentação de setores vulneráveis, como o mercado de criptoativos e de apostas, conforme destaca reportagem do portal Conexão Tocantins. A integração de dados entre polícias estaduais e federais também é apontada como uma medida crucial para desmantelar as redes de negócios das facções.
A crescente presença do crime organizado na economia formal evidencia a necessidade urgente de políticas públicas eficazes e de articulação entre os poderes para proteger o tecido econômico do país e frear a escalada da criminalidade organizada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Daniel. Crime organizado no Brasil ganha mais com combustível do que com cocaína, diz estudo. Bloomberg Linea, 2025. Disponível em: https://www.bloomberglinea.com.br/brasil/crime-organizado-no-brasil-ganha-mais-com-combustivel-do-que-com-cocaina-diz-estudo/
SOUZA, Cesar Augusto. Crime Organizado: Faturamento Bilionário em Negócios Legais Expõe Desafios para o Brasil. Disponível em: https://falaglaubernews.com.br/sociedade/crime-organizado-faturamento-bilionario-em-negocios-legais-expoe-desafios-para-o-brasil/
SALDANHA, Rafael. Crime organizado se infiltrou em grandes setores da economia, mostra estudo da Esfera Brasil. CNN Brasil. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/crime-organizado-se-infiltrou-grandes-setores-da-economia-mostra-estudo-da-esfera-brasil/#:~:text=Um%20estudo%20da%20Esfera%20Brasil,neg%C3%B3cios%20ilegais%2C%20elas%20se%20expandiram.